Reflexão de um ex-aluno de escola pública



Gostaria de dividir uma reflexão minha sobre a escola, que só consegui desenvolver agora, após ter concluído a mesma.
Minha reflexão se volta para o senso crítico dos estudantes, e minha dúvida, por que isso é tão pouco trabalhado?
É da natureza de todo jovem o questionamento. Desde os mais simples e individuais: "Por que essas espinhas?", "Será que ele(a) me acha bonito(a)?" e etc; até os políticos/sociais: "Por que ele tem uma situação financeira diferente da minha?", "Por que meu país se encontra assim hoje?" e etc. Uma coisa assim, tão importante e essencial na formação do aluno quanto à cidadão, não deveria ser tão pouco explorado.
Os alunos (em sua grande maioria), crescem acompanhando, e posteriormente adotando, opiniões já formadas e veiculadas através da mídia, deixando de formular suas próprias. Isso acaba sendo malefíco, pois tira a singularidade do jovem (na parte ideologica), tornando-o apenas mais um que pensa como tantos outros.
Com o tempo, descobri professores dispostos à me auxiliar nessa parte, me mostrando que eu não estava sozinho e quanto aquilo era importante. Coincidentemente (ou não), esses professores acabaram se tornando meus preferidos, e devo muito à todos eles, por terem me ajudado à encontrar minha própria identidade, sem me fazer "engolir" algo que fosse deles, me fazendo pensar por mim mesmo.
No ambiente escolar, senti a falta do estímulo à quebra desse senso comum, algo que houvesse oferecido uma resistência à essa ideologia "pregada" (nunca essa expressão fez tanto sentido) em todos nós. Acabei formando minhas opiniões e meus princípios sozinho, me sentindo muitas vezes perdido, isolado e oprimido.
Sonho em um dia me tornar professor, e tentar transmitir parte desse estímulo que ao meu ver falta, o suficiente para que o jovem possa pensar por si mesmo. Colocando ali toda minha dedicação e (como não?) todo o meu amor.
O problema é que, quando isso não acontece, cabe aos próprios alunos se organizarem ideologicamente (dentro daquele ambiente, de certa forma, manipulador) sozinhos, enfrentando repressão direta e indireta que vem (inesperadamente) de todos os lados. Tudo isso já em meio à todo o turbilhão emocional da adolescência. E esse questionamento acaba sendo tão pouco explorado, e tão atacado, que acaba perdendo força e importância na ideologia do aluno.
E se questionamento é o que move a humanidade (De onde viemos? Para onde vamos? Ser ou não ser?) , por que isso é ainda tão pouco estimulado na escola?

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