Nota - Dirty MetalPunk Night

Quebra de paradigmas!

Sexta Feira dia 01/07, nada como começar o mês com o pé direito! E que começo de mês! O “Dirty Metal Punk” organizado no carroção era tudo o que se precisava para começar surdo e com o pescoço doendo o mês, então estava perfeito!Confesso que fomos aos últimos minutos, mas se perdêssemos iríamos nos arrepender com certeza, afinal uma pauleira Grind/ Crust/ Thrash não se perde por bobeira!

O Carroção recebeu um público legal para os padrões de Sorocaba, pouco mais de 100 pessoas, mesclando bastante punks e headbangers (o que é muito bom para o circuito underground), e a noite começou já na pauleira com o Retaliação. Falar da qualidade deste grupo que tem feito ótimos shows constantes como o Sorocaba Metal Union I e o com o Lobotomia em Itapetininga chegar a ser redundância! A banda se domina completamente o estilo que toca, embasado na velha escola de metal nacional do visual e até no aspecto de letras em português. O front man Genor é um show a parte! Sempre carismático e agitando bastante, aliás, os vocalistas da noite foram um show a parte, animou o pessoal e puxou o “bate cabeça” com músicas como “Na década de 80”, “Pesadelo Real” e “Assasinos”. A banda, se continuar nesse ritmo, vai sem dúvida se estabelecer forte no cenário metal punk e será um dos grandes nomes, em Sorocaba, afinal agrega como poucos os mais variados grupos do underground, com sua atitude, qualidade e irreverência! O segundo nome da noite foi o grupo de grind de Itapetininga CRACK, que fez um show consistente e que agradou bastante o público presente! A banda faz parte de uma safra de bandas muito boas que estão saindo de Itapetininga como o Recusarmada, Septic Schizo (pelo menos uma parte da banda hehe), Extreme Chaos e o já bastante conhecido Vulture. Ótimo show que angariou novos fãs da banda!

É importante salientar algumas coisas para quem está lendo isso e nunca colocou o pé em show underground, 1 no meio do bate cabeça de um show você trombaria fácil com integrantes das outras bandas, incluindo as duas colombianas, e 2 apesar da cara de “maus”(e outros tipo de rótulos idiotas adjetivados a esses fãs, por gente ignorante) desses fãs e bandas é o tipo de show que é bastante receptivo e você vai se surpreender muito, ninguém aqui faz mais mal para o meio social do que milhares de pseudo hippongos(nada contra hippie, na verdade hippongo é para descrever aquele que quer ser hippie mas falta “saco” pra virar um, então adere a coisas mais “aceitavíes” como um leve visual, uma leve idéia socialista- mas ai faz tattoo da foice e do martelo e anda de carro zero com banco de couro que o papai deu...), universitários e afins que fomentam o consumismo de coisas cults(rock da MTV por exemplo) e a base da indústria cultural, sociedade do consumo e, ou, da cultura de massas... Esses são dois aspectos que gosto de ressaltar em minhas resenhas para justamente dar uma resposta a essas pessoas, que sabemos que existem, fazem rotulações universalizantes de que o underground é lugar de banda ruim que não faz sucesso comercial, que as pessoas engajadas com isso são cabeças fechadas e blá blá blá

Depois de duas excelentes apresentações os colombianos do KRH-Kruel Realidad Humana- nos brindaram com uma apresentação muito, mas muito boa! Esse vocalista colombiano chamou a atenção por uma habilidade bastante refinada que o levava do gutural, a momentos falados/cantados e outros totalmente na gritaria! Fenomenal! A banda fez um set bastante competente e agradou aos que viram esse show. Logo em seguida uma agradável surpresa: Nuclear Frost. Apesar de já terem feito shows em várias oportunidades na região, eu nunca tinha visto esse grupo, e na verdade através de um amigo, eu tinha um certo “pé atrás” com este grupo, afinal segundo ele era uma banda de War Metal. E o War Metal, não é somente uma vertente que tem temática de músicas de guerra... Todos sabemos que existe uma bifurcação dentro desse gênero musical que vai para o lado de agregar elementos políticos e acaba se consolidando na base da extrema direita(nacionalismo exacerbado) com argumentos de baboseiras como guerra é para os fortes e paz para os fracos, que tem que matar os pobres que estragam a cidade, o Estado e o País... Então de certa forma pensava, antes de ver esse show, por ignorância, eu nem tinha dado atenção a esta banda... Azar o meu! Porque o Nuclear Frost é o oposto dessa ladainha de superioridade em qualquer grau de sua inutilidade! A banda é fenomenal! Um vocal feminino arrebatador (eu disse que a noite era de destaque para os vocais) e músicas muito bem executadas! Valeu demais à pena rever conceitos hahaha. Outra coisa importante a ser considerada é a presença legal de garotas e essa excepcional vocal, sei que esse "destaque" deveria ser algo de prache e não algo a ser "destacado", mas dentro de uma sociedade onde a mulher é um produto de estímulo ao consumo (entre outras figuras que nos levam ao machismo e ao consumismo), é muito legal vermos outra quebra de paradigmas, além claro do punk x metal.

Por fim, e com a casa já esvaziada por pelo menos da metade do público, a última banda colombiana subiu ao palco: Bob Rozz. Mais uma vez o desempenho do vocalista (o mesmo do KRH) foi fenomenal! E vale a pena destacar que o guitarrista deles é ótimo músico! A banda desceu do palco e tocou ali junto aos presentes!

No saldo final o role foi muito bom! Ótimas bandas, agilidade na troca de bandas (o que não fez perder muito tempo e que manteve a casa cheia por mais tempo), preço justo (apenas 7R$ a entrada tanto para mulher quanto para homens) e uma organização bem legal! Os, que pra variar, perderam, azar...Não cabe a mim condenar aqueles caras que só vão em show quando a banda do amigo toca ou os que ficam agitando e causando e você nunca tromba em role nenhum, a eles eu apenas digo azar!Uma perfeita noite onde muitos paradigmas foram quebrados(pelo menos durante as horas desse shows) e concerteza um pé direito já no dia 1°! O underground agradece essa aula de união entre punks e bangers e de como se fazer um show agregador!