Entrevista com a banda Chakal, lenda do Death Metal brasileiro


O Chakal é uma de minhas bandas preferidas ha algum tempo e uma das lendas do metal nacional ao lado de nomes como Dorsal Atlântica, Metalmorphose, Ratos de Porão, Sepultura, Sarcófago e tantos outros nomes, é também uma das bandas que fez parte do momento histórico de ruptura do metal junto com Slayer e Venon, desaburguesando de vez o heavy metal que se perdia em seus riffs cada vez mais elaborados e em uma técnica muito refinada, feitas por aqueles que podiam pagar por um ensino de música ou coisa assim, e dando cara definitiva ao underground metálico (que depois iria se aproximar do Punk e do HxCx). Confesso que realizar essa entrevista foi uma honra, mas ao mesmo tempo me deu aquele gelo na barriga, seja pela admiração de fã que tenho pela banda como pela ansiedade para com as respostas e se gostariam ou não das perguntas. No dia seguinte que enviei essa entrevista a recebi... Achei que era um erro do MSN (afinal tem bandas que demoram semanas com a entrevista, até por uma questão de tempo e talz), mas para minha extrema surpresa a entrevista estava lá com imagens e tudo mais! A surpresa maior estava guardada e quando li percebi que se tratava de uma entrevista diferenciada, ela era compacta, profunda e sincera. As respostas são curtas e diretas, mas se olharmos com calma veremos quanta informação e quanta coisa há nelas para aprendermos e refletirmos. Normalmente falo mais nas introduções (quando as faço), mas esta entrevista fala por si só. Então espero que gostem tanto quanto eu gostei!



1 – Primeiramente gostaria de agradecer imensamente a banda por essa entrevista, é uma honra e tanto para nós e tenho certeza que para os que acompanham esse trabalho e o underground também! E já aproveitando gostaria que nos contassem das atuais atividades da banda.
Chakal (K) – Estamos afiando as garras e os dentes para o nosso trabalho que se chamará “DESTROY! DESTROY! DESTROY!”. Estamos tentando encaixar nosso cronograma de gravação com divulgação .
Chakal (Corsino) – Para este novo álbum, estamos trabalhando bastante nos detalhes dos arranjos. Já filmamos também o vídeo do 1º single “POSSESSED LANDSCAPE” (THE ISLAND OF DEAD), que em breve estará disponível na rede. Entraremos em estúdio nos próximos meses.

2- O Chakal faz parte de uma leva de bandas importantíssimas para o desenvolvimento do underground no Brasil e até no mundo. Como vocês fazem uma auto-avaliação sobre essa importância?
K - Eu penso que para estarmos aqui até hoje é porque estamos mantendo uma história ainda acontecendo aqui em BH. Nossa posição de proximidade ás nossas raízes musicais nos fortalece. Fazemos isso há 25 anos e ainda temos gás para mantermos a banda relevante.

3- O último álbum foi “Demon King” em 2004, em relação a esse trabalho e metas para o novo e projetos futuros, há alguma mudança em relação ao processo de composição, distribuição, ou a banda pretende manter a fórmula deste ótimo trabalho?
K – Sempre avançamos! Não temos a pretensão de sermos inovadores ou abrirmos novas trilhas. Tentamos manter nossa identidade mas, sem esconder nossa maturidade. A estrutura que começamos em 84 ainda está lá. Tento mantê-la nos vocais.
Corsino – DESTROY!DESTROY!DESTROY! vem se mostrando como uma “evolução” natural do Demon King. Será um disco mais detalhista... estamos procurando uma melhor sonoridade em estúdio além dos arranjos! Os temas e os vocais do Korg estão cada vez mais impressionantes!!!!



4- Voltando um pouco no tempo e indo para uma questão voltada à parte lírica, eu gostaria que vocês comentassem a letra da música “The Planet is Dead” do álbum “Abominable Anno Domini” de 87.
The Planet is Dead
DIRTY POLITICIANS SPEWING LIES

SUITS AND TIES-DUMMY DISGUISES
GROWING FAT WITH THE HUNGER-BREATHING LUST
BASTARDS GOVERNORS OF THE WORLD
THE PLANET IS DEAD
ABUSING ON POWER-THE SKY IS THE LIMIT
TYRANTS OF THE WORLD-FULL OF TRICKS
PLAYING WITH NATIONS-PRETENDING TO BE GOD
THE PLANET IS DEAD
MURDERERS!
ASSASSINS!
WE DYING IN PLANET DEATH!
WE ARE DEAD SOLDIERS
UNFAIR PATRIOTISM THAT KILL US ON THE WAR!
WE ARE SLAVES OF OURSELVES
STUPID MILITARIES WHIPPING OUR BACKS!

SOLO (PEPEU - MARK)

BORDERS TO SEPARATE US FROM OTHER NATIONS
RELIGIONS TO RESTRICT THE THOUGHTS OF THE SIMPLETONS
LOATHSOME RACISTS DIVIDING THE RACES
DIFFERENT LANGUAGES TO MAKE COMMUNICATION DIFFICULT
MURDERERS!
ASSASSINS!
WE DYING IN PLANET DEATH!

K – Sou ainda fissurado com essa idéia do universalismo. Mundo sem fronteiras e essas coisas. Estávamos saindo de um regime ditatorial e para mim foi natural gritar com liberdade o que eu pensava. Pouca coisa mudou mas hoje tento compreender as nossas limitações para assumirmos nossa posição como seres universais com mais resignação. Infelizmente.

5 – A banda é de meados dos anos 80, época em que a ditadura militar já havia acabado (a ditadura teve como fim o ano de 85). Mas vocês nasceram e viveram parte da adolescência em meio a esse período. Esse contexto histórico teria, em sua opinião, alguma influencia na música extrema do Chakal e nas demais bandas mineiras desse período?
K – Claro que sim. Meu pai foi exilado político e tal. Morar em Belo Horizonte era a ditadura da ditadura. As coisas aqui eram graves. Tudo isso para um artista, é material essencial para sua expressão. Qualquer um que viveu naquela época tem suas cicatrizes. Principalmente o primeiro disco do Chakal tem muito desse aspecto. Mas é forte também em bandas como Dorsal Atlântica ,RDP, Inocentes e tal.

6 – Além da música há outras atividades que os integrantes do Chakal se envolvam?
K – Sou formado em Filosofia, Artes Plásticas e sou pós graduado em Análise Ambiental. Me envolvo com artes. É fisiológico! Gosto de fazer muitas coisas e em matéria de artes só não me atrevi ainda em cinema e teatro, mas no palco do Chakal consigo conversar um pouco com essas linguagens de forma discreta.
Corsino – Estou terminando a graduação em Psicologia e Andrevil é dono e produtor do estúdio Engenho que é a nossa toca.
Mark é formado em Ciências Contábeis e sou analista contábil e financeiro do Estado.

O Guilherme é formado em biblioteconomia.

7 - (É uma brincadeira para você dar nota de 0 a 10 para as 3 bandas que indico e comentar sua razão de tal nota, depois você escolhe uma banda que gostaria de falar e atribua uma nota e comentário a essa banda)
K - Vai parecer puxa-saquismo mas essas bandas me influenciaram bastante por isso não tenho como não dar 10 para todas elas e inserir o Violator como grande promessa para o Metal no Brasil.
Corsino - Ratos e Slayer são umas das bandas que mais ouvi e ouço na minha vida. Com certeza nota 11!!! O Dorsal merece nota máxima também pela sua enorme contribuição ao metal brasileiro. Destaco o EMINENCE e o Hammurabi, ambas mineiras!!!!
Dorsal Atlântica –
Ratos de Porão –
Slayer –
(Banda a sua escolha) -



8 – Pessoal gostaria de agradecer por esta honra que para mim, como fã e admirador da banda, é indescritível. Por favor, deixem um recado para os seguidores do blog!Muito obrigado pela entrevista!
K - Só temos a agradecer ao interesse do Resíduos Tóxicos ao nosso trabalho e espero ver todos na DESTROY TOUR ! Abraço!
Corsino – Valeu o apoio de vocês e nos vemos em breve!!!!!!!!!!!!!

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