Entrevista com a banda Arandu Arakuaa!




RxTx (Fábio) - Primeiramente gostaria de agradecer por toparem fazer essa entrevista conosco: é uma grande honra. Gostaríamos de pedir que fizessem uma breve apresentação da trajetória do Arandu Arakuaa.
Arandu Arakuaa (Zândhio)  -  Arandu Arakuaa (saber dos ciclos dos céus, Tupi), mesclamos heavy metal, música indígena e regional brasileira, com letras na língua Tupi, Xerente e Xavante.
Contamos com um EP "Arandu Arakuaa - 2012” e dois álbuns “Kó Yby Oré - 2013” e “Wdê Nnãkrda – 2015; três vídeos clips e dois lyric vídeos. Já nos apresentamos em festivais como Agosto de Rock (TO); Femme Festival (GO); Ferrock (DF); Porão do Rock (DF), THORHAMMERFEST(SP), Fórum Mundial de Direitos Humanos, dentre outros.
Nájila Cristina (Vocais/Maracá), Zândhio Aquino (Guitarra/Viola Caipira/Vocais/Teclado/Instrumentos Indígenas), Saulo Lucena (Contrabaixo/Vocais de Apoio/Maracá) e Adriano Ferreira (Bateria/Percussão)

RxTx (Fábio) - Sobre os álbuns e materiais gravados, o álbum de estreia foi Kó Yby Oré (2013). Quando esse material foi lançado chamou muito a atenção pela língua cantada, as letras e a sonoridade. Como foi dialogar com toda essa proposta nesse primeiro trabalho? 
Arandu Arakuaa (Zândhio) – Em 2012 havíamos gravado o EP de estreia, mas Kó Yby Oré foi realmente a primeira oportunidade de materializarmos o que tínhamos em mente. Na verdade ele foi muito além de nossa expectativa tanto na parte musical quanto da divulgação e aceitação por parte do público e crítica.
É um disco com material composto em diferentes épocas, mas mostra bem como a banda soava naquele momento, o produtor Caio Duarte soube tirar o melhor de cada um de nós.
Creio que Kó Yby Oré seja o típico primeiro álbum, onde são mostrados os elementos básicos da proposta da banda para serem aperfeiçoado nos trabalhos futuros. Por mais que ele tenha uma certa complexidade musical ainda assim soa direto.

RxTx (Fábio) - Em Wdê Nnãrkrda (álbum de 2015), vocês trazem a música "Povo Vermelho" que já traz a presença da língua portuguesa na canção. Para trabalhos futuros pretendem trazer novamente essas músicas cantadas em português?    
Arandu Arakuaa (Zândhio) – O conceito dessa música nos levou a cantá-la em português, mas não pensamos ainda sobre fazermos isso no futuro. Também usamos uma música infantil e uma instrumental para cada disco, no Wdê Nnãkrda temos quatros músicas sem guitarra, bumbo duplo e vocal gutural. Pretendemos continuar lançando mão de toda essa diversidade de linguagens musicais, mas não fazer disso uma regra.



RxTx (Keyla) - Além de escrever letras sobre mitologia e outros aspectos da cultura indígena, há alguma “letra-protesto” sobre a situação de alguma etnia ou sobre o que os indígenas passam atualmente no país?
Arandu Arakuaa (Zândhio) – Música com essa pegada de protesto tem “Povo Vermelho” no Wdê Nnãkrda e “A-î-kuab R-asy” no Kó Yby Oré, em algumas outras isso aparece de forma sutil, porém até o momento nenhuma música fala de questão política específica de um povo, até porque os problemas da maioria dos povos indígenas neste campo são bem parecidos.
Procuramos escrever na estética da música indígena; falando de seus costumes, crenças, vivências e contato com a natureza.

RxTx (Keyla) - Vocês já se apresentaram no evento Thor Hammerfest, em São Paulo, com as bandas Scythia do Canadá e Manegarm da Suécia. Como foi essa experiência? Foi a primeira vez tocando para o público paulista? 
Arandu Arakuaa (Zândhio) – Nossa primeira vez em Sampa. O público foi um dos mais insanos e receptivos para o qual tivemos o prazer em tocar.
Nesse show teve a participação do ator Matheus Nachtergaele gravando uma cena para uma série sobre a vida e obra do lendário Zé do Caixão que foi transmitida pelo canal de TV Space.

RxTx (Keyla) - Tomando como referência o nome do evento, que é em alusão à um deus da mitologia nórdica, como foi a recepção do público para com uma banda que toca sobre mitologia indígena? Como vocês enxergam essa aproximação?
Arandu Arakuaa (Zândhio) – Foi nossa primeira vez em um festival com essa temática e tínhamos pouca informação sobre as bandas que lá tocaram. Em momento algum tememos reação negativa, sabíamos que uma grande parte do público iria lá para prestigiar nosso trabalho e foi o que de fato aconteceu. Também se rolasse reação negativa iríamos descer o farrapo no som do mesmo jeito haha.
Nosso foco é divulgar e exaltar nossa cultura nativa e não temos qualquer influência musical ou estética dessas bandas. Porém, vejo essa aproximação do público como natural e saudável, obviamente qualquer pessoa pode se identificar com propostas artísticas distintas.

RxTx (Keyla) - Entrando em um aspecto mais político (e fiquem à vontade ao máximo para com esta resposta), o que vocês pensam sobre a nomeação de Kátia Abreu (PMDB) para ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento?
Arandu Arakuaa (Zândhio) – Encaramos isso com um grande retrocesso nos direitos dos povos indígenas e consequentemente na questão ambiental.
Aliás, sempre que me perguntam o que há de pior em Tocantins, meu estado natal, falo que é a Kátia Abreu.



RxTx (Fábio) - Queria agradecer a atenção. Temos acompanhado com bastante entusiasmo os materiais da banda e esperamos nos ver em shows em breve! Por favor deixem suas considerações finais.  
Arandu Arakuaa (Zândhio) – Agradecemos imensamente pelo espaço cedido e esperamos tocar ao máximo possível e ter esse contato direto com nossos apoiadores.
Em breve estaremos lançando um novo vídeo clip. Fiquem de olho em nossos canais oficias e em outros projetos dos quais fazemos parte.

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