Entrevista com a banda Lothlöryen


A ligação do heavy metal com a literatura não é recente e, ao contrário do que se pode imaginar por algumas pessoas distantes do circuito do Metal, é comum!

Livros de história, política, filosofia, mitologia permeam as idéias de compositores headbangers há décadas!Músicas inspiradas em textos de Fernando Pessoa, Musashi, Marx, George Orwell, Orlando Paes Filho entre outros escritores são comuns nos temas musicais de muitas bandas.

Mas inegavelmente a influência de J.R.R. Tolkien no Heavy Metal é a maior, pelo menos dentre a dos literários. Vejamos nos nomes de bandas como Cirith Ungol, Amon Amarth, Lörihen ou na influência lírica do Blind Guardian, isso claro sem deixarmos de lado bandas que passaram a se inspirar nessa forte ligação literatura e metal e seguiram este caminho como a banda de power metal sueca Nárnia ou os italianos do Rhapsody of Fire.
No Brasil a banda Lothlöryen chamou a atenção muito rapidamente dos fãs desse tipo de metal e cresceu bastante, tanto que em aproximados 9 anos de banda lançou 2 cds, 3 singles e uma demo. Um nome de destaque do heavy/folk do Brasil e que merece bastante atenção!





Fábio – Em nome do blog Resíduos Tóxicos gostaria de agradecer por nos atenderem em relação a esta entrevista. E para começar fale-nos como está o andamento da banda atualmente?

Lothlöryen - Primeiramente, agradeço a oportunidade de falar sobre o nosso trabalho com a galera do Resíduo Tóxico. Respondendo sua pergunta, a banda passou por algumas turbulências entre o ano de 2009 e princípios de 2010. Tivemos uma mudança drástica no line-up com a saída de nosso primeiro vocalista, porém, o que parecia ser algo traumático acabou sendo excelente pro som da banda que está com uma cara nova, mais revigorado do que nunca e estamos muito ansiosos pra mostrar o trabalho novo pra galera.



Fábio – O Lothloryen é uma banda cujo nome é inspirado na obra de Tolkien. Inclusive muitas músicas como “Hobbit’s Song” e “My mind in Mordor” tem evidente influencia do autor. Gostaria de saber como vocês analisam em sua música essa influencia da literatura e como trabalham isso.
O Tolkien nos influenciou desde o primeiro trampo, e não só no nome da banda ou letras, mas nos próprios conceitos de fantasia que ele criou. Agente sempre tentou copiar essa ideia de mundo paralelo e levar um pouco de escapismo pra galera que vai aos nossos shows. Acredito que essa foi a maior influência do Tolkien pra gente. Porém, como estamos buscando uma sonoridade própria, com elementos que nos diferencie de outras bandas de Power/Folk Metal, optamos por desta vez tratar de outros assuntos no cd e encostar o Silmarillion na prateleira por um tempo.

Fábio – Em relação aos álbuns de vocês, a repercussão foi satisfatória?
Cara, a reação da galera que ouviu ou ouve nosso som é sempre satisfatória. Agente te muitos seguidores desde a época do ...of Bards and Madmen, porém, infelizmente o Lothlöryen nunca teve um respaldo por parte de gravadoras e assessoria como achamos que teríamos. Nosso último cd praticamente não teve divulgação, apesar de ter saído por um selo conceituado no Brasil e ainda assim, esgotamos a nossa parte da prensagem em pouco tempo.
Enfim, devido a esses problemas do passado estamos decididos a seguir o lema do “do it yourself” desta vez e ver no que dá. Até agora, tá bem legal, visto que nossa divulgação por conta própria do novo single obteve 2000 downloads em um mês e nossa página no myspace obteve mais de 5000 page views também nesse mesmo período.

Fábio – Já que falamos em repercussão de seus trabalhos... Algumas comparações não deixam de ser feitas, apesar de que, em alguns casos traz mais peso do que de fato benefícios. Pessoalmente não me recordo de ver alguma resenha desses álbuns que não tenha alguma citação que remeta ao Blind Guardian. Como vocês enxergam isso para a sua banda?
De uma maneira saudável. Realmente temos influências do Blind Guardian e agora elas ficaram ainda mais latentes com a entrada do novo vocalista. Porém, acredito que no caso das resenhas esse tipo de exercício de comparações é feito muito mais pra situar o público em relação ao tipo de som que praticamos do que simplesmente nos acusar de cópia ou coisa assim. Estamos conscientes da influência, porém, sabemos que nosso som tem cara própria e identidade suficiente para não nos prender a rótulos. No início da nossa carreira nos comparavam muito ao Tuatha de Danann e hoje em dia, dificilmente se acha um paralelo entre os trabalhos recentes das duas bandas.

Fábio – Deixando um pouco o Lothloryen de lado, e focando em suas visões pessoais, você sente que a banda satisfaz suas necessidades artísticas?
Do ponto de vista de inspiração, sim, totalmente. Como compositor, tenho total liberdade para me expressar no Lothlöryen e me sinto grato por ter essa oportunidade. Como músico, porém, no nosso atual cenário underground, dificilmente encontraremos alguém completamente realizado. Se a vida no rock n’ roll é difícil, no metal a coisa é ainda mais árdua. Tenho banda e toco simplesmente por amor ao som e respeito aqueles que curtem e acompanham o nosso trabalho.

Fábio – O que para você significa underground?
Luta, suor, dedicação, uma relação de amor e ódio, realização e frustração. É um eterno paradoxo, mas hoje encaro tudo com mais tranquilidade. Tanto os êxitos quanto os tombos, fazem parte do caminho que optei seguir faz tempo. Como diz o refrão: “It’s a long way to the top if you wanna rock n’ roll”.

Fábio – (É uma brincadeira para você dar nota de 0 a 10 para as 3 bandas que indico e comentar sua razão de tal nota, depois você escolhe uma banda que gostaria de falar e atribua uma nota e comentário a essa banda)
Morbid Angel – 8
Baita banda. Tá entre as três bandas mais importantes da História do Death Metal com certeza. Se tivesse rolado uma regularidade maior na discografia dos caras, seria nota 10.

Manowar - 7
.Ainda gosto de escutar em algum churrasco ou show, tomando uma cerva, mas não dá pra levar a sério esse discurso repetitivo de truzão que nunca muda. Adoro os clichês, mas tudo tem um limite

Stratovarius – 7
Cresci escutando o Forth Dimension, Episode, Visions. Fui muito fã, mas com o tempo, acho que os caras se perderam na fórmula. Culpa do Tolkki que endoidou e prova disso é o cd novo da banda dele, Synfonia que é um conjunto inacreditável de tudo que existe de mais clichê na história do Power/Heavy metal Melódico. Porém, adorei o último cd do Stratovarius e acho que a troca de guitarrista fez um bem enorme pra banda.

(banda a sua escolha)-
MUSE – 10
Ia citar os The Beatles, mas os caras não precisam nem ser citados, pq. já vira covardia. Escuto muito som diferente e entre as bandas novas, acredito que o MUSE é a que vai deixar um legado mais duradouro. Som diferente, ousado e sem compromissos com modismos. Muito bom mesmo.



Fábio – Pessoal, gostaria de agradecer, é sempre uma honra fazer essas entrevistas e em especial o Lothloryen que tenho os matérias de vocês e acompanho a distância. Estamos torcendo por um show do Lothloryen em nossa região!E por favor deixem um recado para os nossos seguidores!
Eu que agradeço em nome da banda o espaço que nos foi dado. Espero que a galera curta o papo. Levar o som do Lothlöryen para lugares onde nunca fomos é nossa meta para os dois próximos anos.
É nóis!!!!



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