Motoqueiro Fantasma – Estrada para danação.




Ok, o novo filme do Motoqueiro simplesmente se deu ao luxo de arrastar esse personagem na lama... Um filme pra lá de idiota com explosões seguidas de explosões e uma história medíocre. Em momento algum o filme esbarra na grandiosidade do personagem que se mete em tramas entre anjos e demônios e no meio do caminho arrebenta criminosos, vilões e até algum herói arrogante.
A história da origem dos poderes do motoqueiro é simples, até ai nada demais, o cara vende a alma para o diabo em troca de salvar um amigo que tinha câncer (as versões variam de pai, irmão e amigo), o amigo sem saber que estava curado decide realizar uma ação em nome da dignidade e vá lá, está morto e Jhonny com a alma rumo ao inferno, pelo menos até um dos espíritos da vingança torna-lo seu hospedeiro, só que o foco não é isso. E sim a trama na qual o Motoqueiro está prestes a ser inserido. Logo de cara dois anjos com cara de simpáticos vem a terra aparentemente resolver uns assuntos pendentes com um tal demônio conhecido como Kazann. Enrolado até o inferno o anjo Malachi vai precisar de toda a ajuda neutra que conseguir para salvar a sua pele e quem sabe até evitar uma tragédia promovida pelos agentes do céu (Rute) e inferno (Hoss) que estão à caça de Kazann. Em meio disso o nome de Jhonny Blaze é sugerido pelo anjo Daniel como a esperança de Malachi, que antes de mais nada, deverá tira-lo do inferno.
A trama gira em torno do retorno desse poderoso e misterioso demônio Kazann, alguém quer traze-lo á terra, e ele quer voltar pra destruir tudo e se fortalecer como soberano desse novo reino de morte e caos. O que o torna especial é que Kazann gera muitas suspeitas, tanto do paraíso quando do inferno, afinal durante muito, ele tem sido uma fonte “quente” de informações. O sarcasmo também corre solto no meio disso até Karl Marx é citado, de forma relativamente respeitosa – algo como um campeão do paraíso bastante diferente de Rute – e a piada com o fundamentalismo cristão e as deturpações bíblicas também são o charme do humor dessa história. Até Jesus Cristo é citado como um líder revolucionário hehe!
Essa saga é uma trama insana e rolam traições e parcerias para lá de inusitadas. O legal da saga é o desdém dos anjos para com os mortais, algo com arcanjos insanamente brutais e frios que matam sem pestanejar. Aliás, o chamativo das ultimas sagas do Motoqueiro é justamente esse lado da turma do paraíso, uma organização corrupta cheia de seres insanos e cultuada por mortais fanáticos que são marionetes desses seres.

O inferno já era de se esperar, hehe, é regado a seres pútridos e ironias. Para quem gosta de Sandman talvez estranhe um pouco esse inferno do Motoqueiro que parece uma selva de brutalidade e corrupção, sem muita paciência para conversas.
Na verdade paraíso e inferno se distinguem mais pelas suas aparências do que por ações como fica evidente ao longo da história e Jhonny Blaze como espírito da vingança tem muita coisa pra resolver. A saga em si não tem nada de politização para os amigos que gostam de ver alienação dos meios de produção em tudo o que é canto. E para os mais “bitolados” em religião podem ver a saga como algo bem sarcástica. Mas é ai que está o humor e o cerne desse personagem que é aquele anti-herói, mais herói escoteiro possível. Para quem gosta de quadrinhos inteligentes com idas e vindas o Motoqueiro está empolgante.
São ao todo 6 volumes que dão início a 2 sagas igualmente legais: Apocalipse e Céu em Chamas. Vale a pena ler!

Pessoalmente eu indicaria uma trila sonora regada por muito blues, country e rock classudo! Ah, sim, sem deixar de lado o bom e velho metal!

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