Breaking The Law - Judas Priest


Lá estava eu completamente abandonado
Sem trabalho e desanimado
Tudo em mim é tão frustrante
Quando eu vagueio de cidade em cidade
Sinto como se ninguém se preocupasse
Se estou vivo ou morto
Assim eu podia começar também
A colocar alguma ação em minha vida
Quebrando a Lei, quebrando a lei
O futuro dourado não foi como esperava
Eu não posso mesmo começar
Eu tive todas as promessas quebradas
E há raiva em meu coração
Você não sabe como é
Você não tem idéia
Se tivesse se acharia
Fazendo a mesma coisa também
Quebrando a lei, quebrando a lei
Você não sabe como é
O medo do retorno da “Grande Depressão”, a instabilidade política mundial levava temor aos políticos e economistas e sofrimento às populações. No final da Era de Ouro entre os anos de 1973 – 75, houve redução da produção industrial em até 10% em 1 ano e o comércio internacional recuava em torno de 13%, o mundo capitalista crescia em ritmo extremamente lento. Entretanto em meio a esse período, África, com muitos países ainda colônias européias, América do Sul, que vivia em diversos regimes ditatoriais, e Ásia Ocidental, tiveram queda acelerada da economia e empobrecimento da população durante os anos 80.
Os problemas que foram marcas fortes do capitalismo pré-guerra, e que durante o boom dos anos 60 foram minimizados ou mesmo eliminados, irão reaparecer depois de 73: pobreza, desemprego em massa, miséria, instabilidade... Para ter uma noção de como este entrave econômico arrepiava os economistas, na Finlândia, somente nos anos 90 é que houve o reconhecimento de problemas econômicos piores dos que os da década de 30.
Mas não somente de crises econômicas os anos que sucederam os “anos dourados” se encontravam. Ditaduras militares, em geral apoiadas pelos EUA, dominaram a América do Sul. Uruguai, Argentina, Chile e Brasil são alguns dos países que mais sofreram com os golpes que em geral se intitulavam “salvadores da moralidade”. Governos instáveis, permeados por alguns dos maiores casos de corrupção pós-guerra, violência política, manipulação de informações e luta armada. Durante os anos 60, o boom econômico propiciava uma economia mista que diversificou e popularizou o poder de consumo, de certa forma, levou “bem estar” ao consumidor sul-americano, dando assim certa estabilidade econômica nos âmbitos dos lares e consolidando uma maciça classe média, até então ínfima ou insignificante nesses países. Nesse período a propaganda dos governos militares sul-americanos buscava relacionar essa estabilidade econômica nos lares com supostas boas gestões, e alimentando através de algumas mídias bastante ligadas a estes governos, o capitalismo e suas gestões “sólidas e seguras” que supostamente satisfaziam as necessidades populares. Isso durante o período de ascensão econômica, pois durante os anos 70 a economia mundial sofreu muito, e essas terras instáveis politicamente e economicamente pagaram caro, a insatisfação se tornou geral e muitos desses governos ou se mantiveram na base da força ou, aos poucos cederam, às pressões.
Apontamos a música Breaking the Law do Judas Priest, logo antes de abordamos os anos 70 e 80, para ilustrar o espírito que se espalhava pela juventude ao redor do planeta, uma nova geração nascia em uma época com muitos problemas sociais, e diferente de seus pais que viveram em um período de estabilidade e conseguiram se firmar economicamente, claro que não falamos de forma geral, mas de uma grande parcela em especial da nova classe média que se consolidou nos anos 60 e início dos anos 70 pegando ainda sim alguns resquícios até início dos anos 80. Uma geração que viveria longe das idéias de contracultura das primeiras gerações que se adentravam ao rock n’ roll, mais voltada a confrontar, uma geração que nasceria em uma era dominada pela apatia social, guerras, lutas armadas, ditaduras, desemprego, miséria que o heavy metal nascerá e buscará cada vez mais sons brutais, sombrios e ácidos.
Todas as letras desse disco carregavam uma angústia adolescente; elas contavam histórias dos jovens e dos trabalhadores. Todo mundo fala que os punks são os verdadeiros agitadores, mas o (Judas) Priest apareceu com um álbum que estava muito mais sintonizado com o pensamento dos jovens da rua do que qualquer outro disco Punk.” (ROADIE CREW, 2010, pg. 50).
Essa análise de letra foi extraída do meu tcc “Heavy Metal em Sorocaba de 95 a 00”. É um treco do subcapítulo “Proliferação underground”, espero que gostem. XD. Nesse capítulo busco os aspectos econômicos que afetavam o capital e o mundo, influenciado a sociedade e a cultura.

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