Entrevista com a banda Whipstriker! (Simplesmente foda!)




A título de curiosidade indique as 10 melhores e mais regulares bandas de qualquer gênero do rock pesado(em ordem de preferência) :
Top 10:
1 – Thin Lizzy
2 – Motorhead
3 – Venom
4 – Warfare
5 – Kreator
6 – Discharge
7 – Bathory
8 – Slayer
9 – Tank
10 - GBH

1-      Primeiramente gostaria de agradecer em nome do Resíduos Tóxicos pela entrevista. E gostaria de começar sabendo das atuais atividades do Whipstriker.
Victor: Antes de mais nada agradeço pelo espaço cedido. Sempre dou total apoio para veículos de comunicação underground. As atuais atividades são as mesmas de sempre. Estamos ensaiando pra compor novos sons e ao mesmo tempo fazendo shows ao vivo em várias partes do país. Temos alguns materiais para serem lançados ainda esse ano, tal como o split com o Power from Hell de São Paulo em CD, o split com o Skull and Bullets dos EUA em 7´´EP, split com Los Rezios do Peru em 7´´EP e o álbum novo em CD/LP/TAPE. Com relação aos shows, fizemos duas tours nos últimos tempos, sendo uma na Europa (26 shows) e uma no Brasil (15 shows). Nesse meio tempo permanecemos tocando shows individuais em São Paulo, Goiânia, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A idéia é sempre conjugar gravações novas com shows ao vivo.

2-      Você poderia nos contar como começou a banda Whipstriker?
Victor: A banda surgiu como um projeto meu. Eu já vinha compondo vários sons desde 2001. Tinha essa idéia de misturar metal e punk, que são dois estilos que eu curto muito. Em 2009 decidi gravar essas músicas que já estavam prontas. Na época eu tinha cerca de 20 músicas prontas pra serem gravadas. Então passei os sons pro batera (Pedro do Farscape) e entramos em estúdio pra gravar. Dessa gravação saiu o álbum Crude Rock n Roll e o 7´´EP Split com o Iron Fist dos EUA. No mesmo ano gravei a demo Midnight Crust com outra formação (Márcio do Apokalyptic Raids/Grave Desecrator e Armando do Flagelador). A idéia, na verdade, era ser apenas uma banda de estúdio, não tinha a pretensão de tocar ao vivo. Mas ai em 2010 começamos a receber convites pra tocar e nunca mais paramos. No Whipstriker não tenho formação fixa. A ideía é realmente manter-se sempre gravando e tocando shows ao vivo em o maior número de cidades possíveis pois isso é o que eu mais curto fazer. Sendo assim, já fizemos apresentações ao vivo com membrosde várias bandas como: Thomas do Nuclear Frost, Felipe do Braindeath/Urutu, Márcio do Apokalyptic Raids/Grave Desecrator, Armando do Flagelador, Hugo do Carrasco/Beast Conjurator, Carlos do Bonebreaker, Pedro do Eletric Mooker. Atualmente a formação tem estado mais fixa. Pedro e Leo que também tocam comigo no Farscape são os caras mais presentes. São eles que gravam a maior parte dos materiais e também foram os caras que tocaram nas duas tours. Eles já são membros mais constantes, mas quando não podem tocar eu coloco novas pessoas especialmente para alguma apresentação ao vivo. Isso é um resumo da breve história.

 3 - Sobre a demo “A porta, a guerra civil” (2011), as letras estão pesadíssimas e muito legais! Como funciona o processo de composição?
Victor: Essa demo eu gravei com o Márcio Cativeiro no estúdio que ele tem aqui no Rio. O Márcio, apesar de tocar em bandas de Death/Black Metal, tem uma veia muito punk. Prova disso é que esse material saiu totalmente sujo e crust, como deveria ser mesmo. A composição fica por minha conta. Sou eu que faço todos os sons e letras da banda. As letras dessa demo tem um teor mais político e todas falam sobre a guerra no Rio de Janeiro. Isso é um problema que de certa forma afeta todos os moradores da cidade. Essa temática é a que tenho privilegiado na maior parte dos materiais. Mas não gosto de ficar restrito a um tipo de música e nem a uma temática específica. Prova disso é que cada material tem uma sonoridade bem diferenciada. As letras também variam, tratando de temas como hedonismo, anti-cristianismo, vivissecção, bizarrices como estupro de mortos etc.

4        -Seu trabalho com Whipstriker consegue agradar tanto headbangers quanto punks... Como vocês vêm a relação entre ambas subculturas hoje?
Victor: Acho que os dois grupos ainda são muito separados. Não há de fato uma integração entre headbangers e punks. No entanto, cada vez mais estão surgindo bandas de Crust, que é um estilo que tende a agradar pessoas dos dois grupos. Sendo assim, está sendo mais comum haver shows misturando bandas de Metal/Punk/Crust. Mas ainda há muito preconceito dos dois lados, infelizmente. Os punk acham os headbangers alienados e os headbangers acham os punks chatos por ficarem falando o tempo todo de política e problemas sociais. Isso não é o que eu penso, é apenas o que eu reparo no discurso das pessoas. Por mim deveria haver uma integração total.

5        - No ano passado conheci na rede estadual de Sorocaba um professor de matemática que fazia mestrado em SP, e lecionava de eventual comigo, ele tinha acabado de se mudar do Rio para São Paulo e sempre comentava que por pior que estivesse à condição da educação pública aqui no Rio a coisa ia muito pior... Mas independente de Estados não é segredo que a educação pública no Brasil está totalmente abandonada.  Como você vê o nosso quadro para a educação?

Victor: Bom, eu sou professor de Geografia e acho que estou bem interado sobre o quadro educacional no Brasil. Sem sombra de dúvidas houve uma evolução muito grande na educação nacional dos anos 50 pra cá. Mas é fato que a educação ainda possui imensos problemas e entraves. A começar pela pouca verba que é destinada pra esse setor em comparação com outros. Uma coisa ridícula e que está na lei:  o único segmento obrigatório no Brasil é o ensino fundamental, ou seja, o governo não tem obrigação de ceder o ensino infantil nem o ensino médio nos municípios de cada região. Isso de certa forma desestimula muito a continuidade do processo educativo porque existem muitas cidades que não possuem escolas de Ensino Médio e, portanto, os habitantes dessas cidades são obrigados a viajar para outras localidades caso queiram continuar os estudos. Além disso tudo, o índice de analfabetismo no Brasil ainda é extremamente alto. É uma contradição muito grande se lembrarmos que o Brasil é a sétima economia do mundo. Esse dado é a prova de que a economia do país é extremamente concentrada nas mãos de poucas pessoas que, por sua vez, empregam o dinheiro em setores de seus próprios interesses. A conclusão é que há um verdadeiro sucateamento da educação brasileira. As escolas privadas, a maioria de péssima qualidade, se proliferam diariamente para dar conta da demanda que não é suprida pelas escolas públicas. Estas, por sua vez, são completamente abandonadas e não possuem material adequado e de qualidade para que haja de fato um bom processo educativo. Enfim, vou parar por aqui porque são muitos problemas e poderíamos ficar horas só falando sobre isso.

6        Qual a sua expectativa para com esse projeto/ banda Whipstriker? Há alguma meta específica ou é por diversão mesmo no ritmo de “deixa rolar e ver no que dá”?
Victor: Minha meta é manter-se sempre tocando, gravando, ensaiando e viajando. Não há nenhum plano de se tornar o Iron Maiden. Nós fazemos isso porque gostamos e não temos pretensão de viver da banda. Hoje vejo muitas bandas que querem realmente se tornar mainstream a qualquer custo. Essas bandas apelam pra imagens fortes, pagam pra abrir shows de bandas internacionais e fazem de tudo para ganhar visibilidade na mídia. Pra mim essas bandas fazem parte de um outro circuito que não tem nada a ver com o nosso. Nós curtimos tocar em shows ao lado de bandas underground que possuem uma proposta mais sincera, bandas que estejam efetivamente envolvidas com o underground. Sem dúvidas, a banda mistura diversão e seriedade. Diversão porque fazemos o que gostamos, viajamos pra encontrar amigos e confraternizar etc. Seriedade porque não somos uma banda que faz as coisas de sacanagem, ou seja, levamos a sério todo o processo de composição e investimos esforços pra que o som saia da melhor forma possível. Minha meta, portanto, é cada vez mais compor, gravar e continuar viajando pra tocar em novos lugares e conhecer novas pessoas. Isso é o mais encantador do underground. As bandas viajam, tocam em novos lugares, fazem novas amizades e assim a cena vai se mantendo e se reproduzindo. As bandas que tentam ser mainstream criam de imediato um clima de competição que não é nem um pouco sadio. Nós estamos fora desse circuito de competição.

7        Obrigado pela entrevista. Espero que tenha gostado, por favor, deixem suas considerações finais aos nossos seguidores!
Victor: Novamente agradeço pelo espaço cedido. Continue com seu trabalho apoiando as bandas undergrounds porque é disso que as cenas precisam. Vamos cultivar a união, a troca de informações, o intercâmbio entre bandas de outras cidades e estados etc. Valeu pela força. Quem quiser entrar em contato fique a vontade.

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