Entrevista com a banda Retaliação!
RxTx - A Retaliação é um importante grupo do cenário de Sorocaba e região que reúne figuras bem carimbadas do underground regional, fale-nos um pouco sobre a atual formação da banda.
Retaliação - Antes de tudo gostaria de agradecer pela
oportunidade e parabenizar o blog, que tá ainda mais legal com a cara nova.
A Retaliação passou por diversas transformações desde sua
concepção até hoje, nesse meio tempo tivemos várias formações, porém a que se
mostrou mais a cara do que se pretendia fazer é a atual.
Digamos que a banda recomeça a partir do momento que
Genor convida Sidnei para assumir as baquetas e Alex para o baixo, nessa
formação fizeram alguns shows muito legais, mas depois de algum tempo, por
motivos pessoais, Sidnei teve que sair. Como eu já tinha tocado com o Genor em
uma banda crust chamada Contraste Bizarro e já tínhamos afinidade, tanto
musicalmente quanto na amizade, fui convidado a assumir o baixo. Dessa forma,
Alex passa para a guitarra e Genor para a bateria. O som ficou mais cru e, mesmo
assim, fizemos um show que gostamos muito do resultado, tiramos até um cover da
Rainning Blood...rs. Continuamos ensaiando com essa formação, mas pro Genor
estava ficando complicado fazer vocal e tocar bateria, ainda mais porque já
tínhamos algumas bases prontas que eram mais complicadas que as que tinham sido
gravadas na primeira demo. Nesse meio tempo, Sidnei conseguiu colocar a casa em
ordem e apareceu em um ensaio. Depois de conversas, algumas risadas e muita
cerveja, ficou decidido que o melhor seria ele voltar. Então a Retaliação
passou a contar com essa formação que estamos hoje.
Genor Argentino – guitarra base e vocal
Alex Aquino – guitarra solo
Douglas Funes – baixo e backing vocals
Sidnei Caravaes - bateria
RxTx
- “Na década de 80” é sem dúvida a música mais conhecida e uma das mais
empolgantes do grupo, tanto que até ganhou clipe! Como foi a composição dessa
música?
Retaliação - Essa música foi feita pelo Genor, que queria
transmitir, além de uma história bem resumida da cena metal do Brasil e fazer uma
certa homenagem a algumas bandas que fizeram parte desse começo, o que ele
esperava pro estilo de som da Retaliação. O curioso é que muitas pessoas já
conheciam a letra desse som antes mesmo dele ser gravado... hahaha, pois o
Genor tem seu “jeito especial” de divulgar.
Ganhamos o clipe do nosso amigo Fred Alvarenga, o qual
entendeu a ideia central e fez tudo no velho esquema D.I.Y., utilizando máquina
fotográfica e celular.
RxTx
- O grupo recentemente lançou o ótimo trabalho “Imperador das Cinzas” (2012).
Conte-nos um pouco do processo de gravação!
Retaliação - Poxa, obrigado, que bom que gostou.
O processo de gravação foi simples, a parte mais
complicada ficou na mão do Pêu Ribeiro, nosso grande parceiro, que já tinha
gravado a primeira demo e captou exatamente o que queríamos nesse novo trampo.
Gravamos da maneira mais simples mas que para nossos
ouvidos parece ser a forma que mais conseguimos transmitir a energia de um
show, todos os instrumentos gravados de uma só vez e depois gravados apenas os
vocais e solos.
O resultado nos agradou muito!
RxTx
- O som do Retaliação em relação à primeira demo ficou mais pesado, rápido e os
vocais estão muito agressivos. Esse direcionamento aconteceu devido a algum
fator específico?
Retaliação - Sim. Na verdade a alguns fatores.
Basicamente é devido ao fato da primeira demo ter sido gravada quando a
formação era Genor (guitarra e
vocal), Alex (baixo) e Sidnei (bateria).
Com a mudança do Alex pra guitarra solo, o Genor pôde se dedicar e se
concentrar mais no vocal. Em relação ao peso e rapidez, acho que foi por causa
do entrosamento natural mesmo e, bastante ensaio, acabamos inclusive dando uma
nova velocidade e cara nova pros sons da primeira demo.
RxTx – Douglas. Você sempre teve muito orgulho de ser vegetariano. O que poderia dizer sobre suas convicções nesse sentido?
RxTx – Douglas. Você sempre teve muito orgulho de ser vegetariano. O que poderia dizer sobre suas convicções nesse sentido?
Antes de qualquer coisa
gostaria de deixar claro que sou ovo lacto vegetariano, nunca tive força o
suficiente pra me tornar vegan, que é muito mais coerente se pensarmos no bem
estar animal, quem sabe um dia eu chegue lá.
Bem, o orgulho que sinto é
principalmente ao fato de ter conseguido mudar um hábito que eu imaginava que
nunca fosse conseguir, afinal eu comia muita carne e nunca fui de comer muitos
legumes, a não ser batata e alguns outros poucos que eu também gostava. Por
isso pra mim foi um desafio.
Isso já vai fazer 13 anos,
na época eu ainda morava na casa da minha mãe, que no começo foi totalmente
contra, inclusive me impondo que, se eu quisesse mesmo teria que cozinhar minha
própria comida, no caso a mistura. O que foi muito bom, pois aprendi a
cozinhar.
Assim como a maioria das
pessoas, já tirei sarro de vegetarianos simplesmente por não entender direito,
isso é bem comum, por isso uma pessoa que pensa em aderir a tal dieta tem que
estar preparada pra agüentar muita zoação (acreditem, tem quem se incomode com
o que você come ou deixa de comer), principalmente porque a cultura da carne
está inserida muito profundamente na sociedade e, em um contexto tão fora da
realidade, que trata um vício alimentar como o essencial e, qualquer mudança do
comum soa como loucura.
O vegetarianismo não é algo
pra ser usado como uma medalha, como muitos fazem por aí, pois se trata de uma
anulação em benefício alheio, os benefícios próprios são conseqüência, mesmo
sendo muitos. Não vou ficar listando aqui, mas quem se interessa pode pesquisar
em vários lugares sobre os benefícios de uma dieta vegetariana.
O nosso meio ambiente não
suporta mais a indústria da carne, isso é fato, só não vê quem não quer.
Além de ser uma prática
bárbara, confinar um animal sua vida toda pra um fim sanguinário, os fins não
justificam, pois podemos viver muito melhor sem termos que depender do
sofrimento de outros seres.
Ninguém purifica seu
espírito com sangue – “Gautama Buda”
Temos que parar com esse
pensamento egocêntrico e começarmos a nos ver como parte de um todo e não como
o centro do universo. Acredito que a partir daí as mudanças podem ocorrer com
mais naturalidade e coerência.
Go vegetarian!
RxTx
- A banda faz um som que traz muitos elementos e transita por vários estilos,
do metal ao punk. Você viveu um bom tempo tocando em bandas como “Contraste
Bizarro”, em termos de atitude, o que você vê de relevante e irrelevante tanto
no metal quanto no punk?
Retaliação - Difícil responder essa. Com o passar do
tempo aprendi a filtrar bem mais as coisas que vejo e ouço e fugir do
radicalismo religioso que já tive.
Nas duas cenas existem coisas boas e ruins, enumerá-las,
desculpe, fica difícil.
Prefiro separar, ao invés de em cenas, em pessoas, afinal
cenas e movimentos são feitos por pessoas e pessoas nem sempre são confiáveis.
Eu, como desde pequeno tive influência do Rock’n’Roll,
enxergo a música mais como uma arte do que como ferramenta de transformação
social (não tirando o poder de transformação que a música tem), mas prefiro,
quando estou tocando, não me ater a discursos prontos e plastificados como os
que têm algumas bandas que conheço e que torna o show chato. Nesse sentido,
tive certa dificuldade quando me envolvi com punk e, tocávamos um som “metal
demais” para o aceito na época pelos punks.
Já quando comecei a frequentar a cena metal, me deparei
com alguns vícios sociais que pensei, ingenuamente, já terem acabados na cena
por se tratar de pessoas que também sofrem certo preconceito, me enganei mas
não me decepcionei, pois como disse, espero tudo de pessoas.
Nas duas cenas existem coisas muito boas, o que acho é
que sempre podemos aprender, independente da cena da qual fazemos parte.
RxTx
- Ainda falando do “Imperador das Cinzas” (2012), fica aqui o espaço para nos
falar um pouco sobre esse sensacional trabalho da banda!
Retaliação -Cara, nem acho que merecemos esse
sensacional... rs, agradeço, mas creio que ainda temos muito a aprender e
tentar aprimorar, as críticas, positivas e negativas nos fazem ter ainda mais
tesão de continuar nessa vida doida. Queremos divulgar bastante esse trampo,
queremos conhecer pessoas e lugares novos, tocar onde ainda não tocamos e
também onde já tocamos e o próximo passo é começar o processo de composição
para um outro, temos que aproveitar o gás...hahaha
Por fim, aos interessados em adquirir esse material e o
ótimo “Pesadelo Real” além de contatar a banda, por favor deixe os contatos! E
obrigado pela atenção!
É só procurar um de nós no rolê ou nas redes sociais e
trocar uma idéia, quem faz mesmo a distribuição é o Genor e o pessoal pode
entrar em contato pelos seguintes endereços:
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