Entrevista com a banda D.E.R.!!!
A título de
curiosidade indique as 10 melhores e mais regulares bandas de qualquer gênero
do rock pesado(em ordem de preferência) :
Top 10:
1 - Motorhead
2 – Ramones
3 – Slayer
4 – Dead Kennedys
5 – Napalm Death
6 – Ratos de Porão
7 – Discharge
8 – Bathory
9 – AC/DC
10 – Black Sabbath
2 – Ramones
3 – Slayer
4 – Dead Kennedys
5 – Napalm Death
6 – Ratos de Porão
7 – Discharge
8 – Bathory
9 – AC/DC
10 – Black Sabbath
1-
O D.E.R.
é uma das mais importantes formações grinds ativas que temos no Brasil.
Conte-nos um pouco sobre a formação da banda.
Começamos em 1997 após conhecer uns punks gangue
da extremo zona sul, onde morava, eu participava de um projeto social que tinha
na casa de cultura do M boi mirim e acabei conhecendo um pessoal que curtia um
punk rock, decidimos então montar uma banda de punk, sem saber tocar quase
nada, comprei uma bateria de mdf RMV com pratos de latão e começamos a ensaiar
em casa, o primeiro guitarrista desistiu quando os punks começaram a pesar na
parte “politica” ehehhe... Então chamamos o Renato (que está até hoje), depois
disso começamos a tocar, nosso primeiro show... Lembro que foi em cima de uma
carroceria de caminhão no Parque Santo Antonio, tocamos bastante no Bar do Bal
e em algumas festas dos punks no Embu. No segundo momento o vocalista saiu, larguei a bateria e fui pro vocal, chamamos um amigo que curtia uns shows mais “rápido” e nosso som foi mudando, começamos a tocar mais “hardcore” e os punks gangue nos abandonaram eheheheh.
Nesse meio tempo o baixista saiu e entrou o Feliz, ficamos com uma formação estável, Renato, Eu, Feliz e Sergio, até 2001, em um show que fizemos na casa de cultura do m’ boi mirim o Sergio decide sair e conheci o Barata em uma Verdurada, conheci ele porque estávamos no mesmo ponto de ônibus para voltar pra casa, e perguntei pra ele onde ele morava, ele respondeu que morava no mesmo bairro que nós e comentou que tocava bateria, mesmo sem saber do jeito que ele tocava eu chamei ele pra banda e ele topou.
Em 2009 o Feliz saiu da banda e entrou o Mauricio que esta conosco até hoje, formação atual: Eu (Thiago), Renato, Mauricio, Barata.
Espero ficar assim por bastante tempo.
2- Conte-os um pouco como foi a gravação do Split com o Violator! E de quem partiu a ideia inicial?
Foi mágico! era pra ser algo bem simples e ficou daquele jeito! Fantástico. A idéia inicial foi do Poney, ele falou que tinha vontade de gravar um DVD mas não algo somente com eles, que fosse uma “festa” e falou se a gente poderia compartilhar isso, piramos na idéia, pois é algo incomum de se fazer, um Split dvd. Então compartilhei a idéia com o Ailton da Travolta Discos / Loja 255 e ele abraçou, começamos a envolver outros amigos como o Tata da produtora da Sobcontrole, Fernando Sanchez e o pessoal da Lbvidz e a coisa foi crescendo e ficando daquele jeito bonito.
3- A
abordagem da banda vai para um lance “social politizado”. Inclusive tivemos a
oportunidade de conversarmos (um pouco) no Soldier Day Fest em Indaiatuba. Na
oportunidade falamos das mentalidades pavimentadas pelo governo militar. Como
se orquestrar perante tais monstruosos sustentáculos do capital?
Temos tantas coisas negativas a nossa volta que é foda
classificar o que é mais horrível, acredito que chegamos em ponto muito ruim na
sociedade atual, pessoas cínicas, cruéis e individualistas... as vezes penso
que estamos em um beco sem saída, tomo exemplo quando vejo outras crianças da
idade do meu filho, elas já são criadas para ser cínicas, são crianças cínicas
e competitivas.
Se orquestrar com tudo isso é quase uma terapia, temos
que manter uma harmonia e equilíbrio emocional e politico, isso eu digo
particularmente, esse mundo atual me abala eheheh... parece que tó forçando a
barra mas porra... todo dia você vê uma escrotidade acontecendo, numa simples
viagem de ônibus você consegue contabilizar o quanto de besteiras você viu e
ouviu.
Acredito que temos que criar um equilíbrio, uma harmonia em nossa vida, horizontalizar a vida, talvez seja um caminho... Na mesma velocidade que o mundo ande escrotando, cria-se uma movimento de aversão a isso, veja que as pessoas estão mais ligadas nas merdas que estão acontecendo, surgem grupos, pessoas que tentam trazer esta harmonia pro mundo, isso dá esperança... espero que sim.
4- Copa do Mundo e Olimpíadas chegando e a higienização social comendo solta tanto em SP como no RJ... O que mais esperam desses eventos esportivos tecnocratas?
Acho que teremos mais surpresas por ai, mais do mesmo neh?
Antes dos eventos esportivos, já sofremos com a higienização rolando por conta da especulação imobiliária e interesse de determinados grupos. A elite curte estes eventos, tem tudo que eles piram: Sumir com os pobres, construir empreendimentos milionários e se fingir como um patriota patético.
5- Recentemente
fizemos um especial sobre feminismo em nosso zine, tivemos um artigo bem legal
do Felipe Nizuma, uma entrevista com a banda Panndora e indicação do
Girlschool. Gostaria que comentassem suas
perspectiva sobre essa imagem.
Lamentável... Eu não entendo como alguém hoje em dia acha que associar mulheres com cerveja faz vender melhor, trabalho com algumas empresas de propaganda e vejo que eles acreditam que existe uma padrão de beleza, já ouvi diversos absurdos, como uma propaganda de uma certa multinacional onde a criação foi coloco uma mulher com cabelo crespo e a gerente de marketing da empresa escreveu assim: “Tira essa menina com cabelo ruim”.
Uma vez eu fiz uma trabalho e coloquei um negro para determinada peça, e dentro da empresa que trabalhava o “superior” disse pra tirar porque o cliente iria pedir pra tirar.... Ou seja esse meio é podre, é um reflexo das empresas e da elite no Brasil.
Tempos modernos... Transformar mulheres, negros e gays em objeto, alvo de chacota e piadas. Talvez o mais impactante é que este tipo de propaganda esta tão enraizado hoje que as pessoas não percebem que elas estão ali, é aquele história sempre em propaganda de produto de limpeza é associado a mulher, até para crianças, onde você vende bonecas que são bebes, que você troca a fralda, dá mamadeira... cara um problema de gênero fodido.
Outra parada que fico de cara é exclusão das mulheres negras da grande mídia, ao contrário das outras mulheres a negra acaba tendo uma retaliação maior.... peço licença para replicar a melhor que demonstra a situação das mulheres negras. A letra é composta pelo Eduardo do Facção Central, precisamos divulgar isso pro mundo:
Lamentável... Eu não entendo como alguém hoje em dia acha que associar mulheres com cerveja faz vender melhor, trabalho com algumas empresas de propaganda e vejo que eles acreditam que existe uma padrão de beleza, já ouvi diversos absurdos, como uma propaganda de uma certa multinacional onde a criação foi coloco uma mulher com cabelo crespo e a gerente de marketing da empresa escreveu assim: “Tira essa menina com cabelo ruim”.
Uma vez eu fiz uma trabalho e coloquei um negro para determinada peça, e dentro da empresa que trabalhava o “superior” disse pra tirar porque o cliente iria pedir pra tirar.... Ou seja esse meio é podre, é um reflexo das empresas e da elite no Brasil.
Tempos modernos... Transformar mulheres, negros e gays em objeto, alvo de chacota e piadas. Talvez o mais impactante é que este tipo de propaganda esta tão enraizado hoje que as pessoas não percebem que elas estão ali, é aquele história sempre em propaganda de produto de limpeza é associado a mulher, até para crianças, onde você vende bonecas que são bebes, que você troca a fralda, dá mamadeira... cara um problema de gênero fodido.
Outra parada que fico de cara é exclusão das mulheres negras da grande mídia, ao contrário das outras mulheres a negra acaba tendo uma retaliação maior.... peço licença para replicar a melhor que demonstra a situação das mulheres negras. A letra é composta pelo Eduardo do Facção Central, precisamos divulgar isso pro mundo:
“Mulheres
Negras - (Letra)
Enquanto o
couro do chicote cortava a carne, a dor metabolizada fortificava o caráter;
A colônia
produziu muito mais que cativos, fez heroínas que pra não gerar escravos
matavam os filhos;
Não fomos
vencidas pela anulação social, sobrevivemos à ausência na novela, no comercial;
O sistema
pode até me transformar em empregada, mas não pode me fazer raciocinar como
criada;
Enquanto
mulheres convencionais lutam contra o machismo, as negras duelam pra vencer o
machismo, o preconceito, o racismo;
Lutam pra
reverter o processo de aniquilação que encarcera afros descendentes em
cubículos na prisão;
Não existe
lei Maria da Penha que nos proteja, da violência de nos submeter aos cargos de
limpeza;
De ler nos
banheiros das faculdades hitleristas, fora macacos cotistas;
Pelo processo
branqueador não sou a beleza padrão, mas na lei dos justos sou a personificação
da determinação;
Navios
negreiros e apelidos dados pelo escravizador falharam na missão de me dar
complexo de inferior;
Não sou a
subalterna que o senhorio crê que construiu, meu lugar não é nos calvários do
Brasil;
Se um dia eu
tiver que me alistar no tráfico do morro, é porque a Lei Áurea não passa de um
texto morto;
Não precisa
se esconder segurança, sei que cê tá me seguindo, pela minha feição, minha
trança;
Sei que no
seu curso de protetor de dono praia, ensinaram que as negras saem do mercado
com produtos em baixo da saia;
Não quero um
pote de manteiga ou um xampu, quero frear o maquinário que me dá rodo e Uru;
Fazer o meu
povo entender que é inadmissível, se contentar com as bolsas estudantis do
péssimo ensino;
Cansei de ver
a minha gente nas estatísticas, das mães solteiras, detentas, diaristas.
O aço das
novas correntes não aprisiona minha mente, não me compra e não me faz mostrar
os dentes;
Mulher negra
não se acostume com termo depreciativo, não é melhor ter cabelo liso, nariz
fino;
Nossos traços
faciais são como letras de um documento, que mantém vivo o maior crime de todos
os tempos;
Fique de pé
pelos que no mar foram jogados, pelos corpos que nos pelourinhos foram
descarnados.
Não deixe que
te façam pensar que o nosso papel na pátria, é atrair gringo turista
interpretando mulata;
Podem pagar
menos pelos os mesmos serviços, atacar nossas religiões, acusar de feitiços;
Menosprezar a
nossa contribuição na cultura brasileira, mas não podem arrancar o orgulho de
nossa pele negra;
Refrão:
Mulheres
negras são como mantas Kevlar, preparadas pela vida para suportar;
O racismo, os tiros, o eurocentrismo, abalam
mais não deixam nossos neurônios cativos.”
6- Pessoal,
obrigado pela entrevista é uma honra entrevistar uma banda tão engajada e que
gostamos tanto! Espero que tenham gostado, por favor, deixem suas considerações
finais aos nossos seguidores!
Obrigado
pela espaço, adorei a entrevista, damos poucas entrevistas... queria falar mais
eheheh adoro conversar sobre politica e música. Mantenham-se firmes.
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