Documentário - Virunga
"A luz selvagem do Sol
resplandecerá novamente sobre nós, enxugará as lágrimas e as nossas feições
achincalhadas. Quando romperem estes grilhões, estas pesadas correntes,
dispersar-se-á para sempre o tempo da crueldade, da maldade. Orgulhoso, o livre
Congo se levantará da terra negra."
Patrice Lumumba, República
Democrática do Congo
Virunga
é um documentário sobre a mais antiga reserva florestal do continente Africano
a homônima Virunga, localizada na República Democrática do Congo. Mas não pense
em documentário tipo do National Geographic ou History Channel que reduz
culturas e as sociedades locais em “tribos perdidas desrespeitando animais”
(aliás, esse termo tribo por si só é carregadíssimo de eurocentrismos - imperialistas)
ou mesmo “a vida de animais silvestres” (apesar de existir muita coisa boa
nesses materiais). A coisa aqui é viva, dinâmica, social e absurdamente real
(em um sentido extremamente sufocante em muitos momentos e em outros cheios de
emoção e esperança).
Para
começo de conversa esse documentário começou como uma grande denúncia feita por
gente idealista do Congo (veterinários, guardas florestais e a comunidade do
Virunga), um belga e uma jornalista francesa (que por sinal, que guria corajosa!)
contra uma corporação multinacional meio francesa com sede na Inglaterra (como
eles gostam, informação espalhada ofuscando seus crimes e violações) a SOCO
Internacional PLC especialista em extração de óleo e petróleo em países considerados
“investimentos de risco” (ai já vem bomba). E sim a coisa é real. Há um tempo a
Shell empresa com sede nos Países Baios e na Grã Bretanha havia sido denunciada por contratar mercenários e
atacar pequenas comunidades nigerianas que eram contra a extração do petróleo.
A SOCO é flagrada pela jornalista francesa Mélanie Gouby, se articulando entre os grupos rebeldes/
mercenários do M23 e o governo do Congo com esquemas de subornos, tentativas de
homicídios e tudo mais que o Neo Liberalismo pode produzir a favor de
exploração de recursos e lucros para grandes empresas e corporações quase
fantasmas. A coisa eclode no conflito armado de 2014 com o M23 e o governo
congolês se atracando, como você verá em Virunga, não só por interesses
políticos locais, mas com um assopro do fantasma colonial.
No
meio a essa luta de interesses econômicos alguns personagens do parque nacional
vão ganhar sua atenção. Pode ser o valente belga Emmanuel de Merode chefe
administrativo do Parque, pode ser o braço direito de Meode o “ranger” (patrulheiro) Rodrigue Katembo ou mesmo o
veterinário e criador de gorilas órfãos do parque o emocionante André Bauma...
Gente que coloca o tempo todo sua vida em nome dessa causa, a proteção do
Parque nacional Virunga.
A
cada minuto você vai se emocionar. A luta pela vida animal, a luta pela terra,
a luta contra o capital, a luta contra o imperialismo, a luta por sonhos...
Virunga é de longe um monstro de documentário e um pontaço para a Netflix por
apoiar e lançar esse material.
Adendo
final, se você ver isso e assistir vai se questionar o rumo que teve a relação
com a SOCO e o Congo, buscando informações, na web parece que depois do
documentário, a coisa pegou tão mal pra essa empresa, provavelmente deve ter
tomado uns processos de violações de direitos animais e humanos, que optaram em
sair do Congo. No site deles, as últimas atualizações sobre essas instalações
são de outubro do ano passado, pouco antes do documentário ser lançado e
explodir. Mesmo assim, vamos acompanhar de perto esses casos. Porque a luta
dessas pessoas é de longe a coisa mais linda que já vi. Lumumba vive.
https://www.facebook.com/virunga?fref=ts – A página do parque nacional Virunga no FB.
https://www.facebook.com/virunga?fref=ts – A página do parque nacional Virunga no FB.
https://www.youtube.com/watch?v=Wu-vjWd7Tb8 - Assista o trailer.
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