Nota – Editor

O protesto em relação às tarifas e o 6° assessor.

Palavras chave: Contra Cultura, Cultura Juvenil, Rebeldia.

Texto base: Culturas eXtremas – Massimo Canevacci e meu tcc “O Heavy Metal em Sorocaba”

Inicialmente eu gostaria de fazer uma breve reflexão da transformação social do conceito de “rebelde” e “revolucionário” e sua conexão com a cultura juvenil. O termo rebelde ganhou muita força no período de pós-segunda guerra com o surgimento das culturas juvenis resultado do “boom” econômico no capitalismo dos anos 60 e durou até início dos anos 70, popularizando certos bens de consumo até então extremamente elitizados, no caso citaremos 2 que são a estrutura de movimentos juvenis como o rock e o jazz, instrumentos musicais e vinis. Os sociólogos, historiadores e psicólogos tentavam desesperadamente rotular essa nova geração que surgia e se acentuava em conflitos com a geração posterior, não se encaixando mais no marxismo ortodoxo, nos partidos políticos, na ideologia burguesa... A famosa geração de oposição às culturas dominantes e hegemônicas, a geração conhecida pelo “contra” (daí a origem do termo “contra cultura”) negava o marxismo pela sua crença sólida no economicismo e o conflito se se acentuava também pela dimensão individual, geralmente descuidada pelos marxistas em favor do coletivo, de classe ou massa. A rebeldia de oposição das culturas juvenis desagradava weberianos, nacionalistas e marxistas, e não tardou a ser cristalizada como “rebeldia sem causa” e outros rótulos pejorativos ou extremamente paradigmáticos (como no caso do lendário rótulo de “geração que mudaria o mundo”) quanto a seu posicionamento de negação dessa estrutura já viciada. A contra cultura juvenil morreu nos anos 90 com o fim das culturas dominantes, que acabou sendo substituída pelas culturas de massa, que são culturas voltadas ao consumo de todas as classes sociais e seus grupos. Mas até hoje a idéia de que aquele jovem que não gosta de Luan Santana, Funk ou algo “Cult” como alguns grupos mainstreans de Rap ou Rock, não vê Tv, lê livros científicos e não romances ou livros religiosos (ou seja, de alguma forma não está preso à indústria cultural que permeia os valores sócio-culturais contemporâneos) é bastante associada a essa figura: o rebelde. Rebeldia não é ser diferente da cultura de massas, pode ser um alguém corajoso o suficiente para se desalienar e questionar, podendo ir para o ativismo ou não ou alguém que não aceita a condição vigente de seu determinado meio social em algum período histórico. Em nossa sociedade contemporânea pode ser se posicionar de alguma forma contrária, com postura de enfrentamento em alguns casos em outros de apenas resmungar algo, aos valores da nossa sociedade massificante e do neoliberalismo que busca a todos os custos hegemonia. Mas enfim, eis um breve resumo do significado de rebeldia nas sociedades ocidentais do séc. XX e na presente data.

Primeiramente eu gostaria de acentuar meu posicionamento ideológico em relação a nossos protestos. A forma de ação desse ativismo e a relação partidária como já deixei claro na introdução sobre rebeldia é algo que não me identifico muito até por estar mais engajado com cultura eXtrema (o que pessoalmente me parece mais livre e interessante) , mas não deixo de praticar e tão pouco de apoiar os que fazem (ao contrário disso, sempre que posso também estimulo os amigos a participarem). A divergência é justamente pela forma comumente controversa de leitura marxista ortodoxa, confusa e totalmente voltada a conceitos sólidos, muitas vezes baseada em um tipo de partido que não existe mais (apesar de muita gente no meio partidário jurar que isso ainda existe) e mais preocupada em rotular do que agregar, a cultura eXtrema, pela qual luto, se baseia baseia em conceitos líquidos e intermináveis ou seja é o oposto. Esse é meu posicionamento pessoal. Não sou fã, mas faço com base em minhas crenças de certo ou errado e não costumo aceitar apatia.

As ações promovidas em especial pelo C.A. de História da UNISO, em meu entender, são muito mais voltadas para dizer que existe uma oposição do que conquistar vitórias. Não que perder seja a meta do grupo hehe, mas de certa forma assistindo de fora, apesar de meu apreço por integrantes do C.A., eu os vejo isolados dentro de seu próprio grupo. Não há outros C.A.s pela cidade de Sorocaba? Cadê o C.A. da FADI?Fazendo festa do rubi?Cadê o C.A.s da UNIP?Cadê o pessoal da ESAMC?Cade os Demolays(os auto intitulados "líderes" de uma sociedade que eles mal conhecem e vão defender essa estrutura viciada como a atual, ou vocês acham que a maçonaria não apoia e injeta dinheiro no PSDB e DEM?)? Não creio que de estudantes universitários em Sorocaba haja somente o pessoal do curso de História. Na verdade quando tem festa de peão, micaretas e “sertanejo Universitário” nos descobrimos que há mais universitários por ai... Portanto dizer que o C.A. ou alguém relacionado ao protesto de ontem contra o 6° assessor e o aumento das tarifas pela URBES deixou de ganhar algo no conflito com o vereadores e a URBES é no mínimo, inconseqüente e não está avaliando a visão geral da coisa. Às vezes é muito mais importante estar presente, resistir e mostrar isso aos demais setores... E nessa ocasião de vazio de movimentos estudantis há anos, é um momento de exemplo disso!

Nota: Durante debate na Câmara vereador usa facebook.

E sozinho em relação aos movimentos estudantis, dificilmente o C.A. que meu amigo Marco “Che” preside vai consolidar a união ou acordar os movimentos estudantis... Mesmo assim estão lá, fazendo e agüentando provocações como as do presidente da câmera Marinho Marte dadas em declaração ao jornal Ipanema (que não concedeu direito de respostas ao pessoal do C.A. e já saiu publicando a versão do Marinho)http://www.jornalipanema.com.br/novo/Sorocaba/VEREADORES+APROVAM+CRIACAO+DO+CARGO+DO+6%C2%BA+ASSESSOR.html.

E se não da pra contar com o movimento estudantil então dá para contar com o povo?Antes de começar o protesto da tarifa, o Marco pode se lembrar de eu te-lo dito “não conte com o apoio popular, ele é volúvel”. Dito e feito, hoje eu não vi uma pessoa na fila do supermercado, em casa, no ônibus falando de coisas a não ser festa junina, romance frustrado e show de dupla sertaneja. E foi ontem que os vereadores estavam fazendo piada com nossa cara! Mas, afinal essa é a sociedade do consumo e do espetáculo... Por isso é que argumento que antes de vencer é importante mostrar à essas pessoas que algo está sendo feito, alguém está lutando, passar credibilidade e conquistar aos poucos as pessoas, ai sim, seremos ouvidos... E quem sabe balancear um pouco o jogo político aqui em Sorocaba, o que já é um avanço quando falamos em conquistas populares. Mas mesmo se as pessoas continuarem apáticas, o importante é a resistência feita. E está ai um dos elementos das culturas eXtremas juvenis, resistência.

Eu parabenizo o Marco, Renan Bonassa, Thales Souzedo(Septic Schizo) e o Otávio Schoeps que são os 4 do C.A. que tem ido para o enfrentamento mesmo sem apoio dos estudantes universitários locais incluindo os demais do curso de história, e parabenizo caras como o Luís “Van”, Lucas “Militar” (hahaha) e os outros que tem ido nos enfrentamentos, pois crendo ou não nessa forma de ação social, entendendo ou não o que escrevi aqui, o importante é fazer! XD, é dar a seguinte declaração: Vamos encher o saco de alguns burgueses!

E peço ao pessoal que jura acima de tudo ser do underground, engajamento com tais causas. Sim, como eu mesmo argumentei já está evidente que a relação “cultura extrema x C.A.s, partidos e bla bla bla” se afastou e muito e em muitos momentos isso limita a cultura extrema. Mas me parece que em uma cidade como Sorocaba que ainda está engatinhando uma cultura extrema, é um caminho interessante para consolidação e amadurecimento da “cena” seja ela anarco punk, headbanger, HxCx, cyber punk, gótica, anarquista, socialista, grafiteiros, pichadores...E peço a mesma atenção aos demais coletivos espalhados pela cidade. Até para criar uma identidade mais sólida de contestação... Porque tem gente que ainda acha que contestar é fazer música metendo pau em política ou dizer “política é uma bosta”...

Pelo menos para a cultura eXtrema underground não é apático.

Finalizo meu texto mostrando o tipo de gente que está governando e o tipo de projeto que é proposto à principal cidade da região:

Propostas e pérolas na câmara dos vereadores de Sorocaba no dia 21/06/11:

- Vereador Crespo (DEM), eleito vereador com mais de 10mil votos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!, Argumenta contra uma ironia de seu colega vereador (que falou ao Crespo que ele devia era se preocupar com a qualidade da educação), quanto a seu projeto proposto em relação à melhoria das portas e privadas das escolas municipais, que este estaria possuído por “maus espíritos”... Argumentativo o Crespo, não?

- Vereador Yabiku(PSDB) propõe lei que visa multar quem joga bitucas de cigarro no chão. Ele só se esqueceu de propor quem vai executar a lei... Depois de pressionado sugere a PM e o povo... O Schoepes ao gritar da platéia “E o chiclete?” em tom de ironia, mostra que o vereador não pensou a respeito disso e o confunde... Crespo, vereador de 10mil votos, com sua sabedoria propõe revisão da lei proposta, sugerindo agregar multa a quem cuspir na rua e jogar chiclete além de ser autor desta pérola “uma pessoa que joga uma bituca de cigarro no chão é um potencial delinqüente”... Do lado de fora da câmara uma assessora de um vereador está jogando a bituca de cigarro nos jardins da prefeitura... Surgem muitas comparações com a Dinamarca, Japão e Irlanda...

- Vereador Crespo tenta puxar o apoio dos manifestantes (nós) e a idéia nossa para si, propondo uma lei que controle o desconto concedido pela Urbes à população. Aproveita para criticar Vitor Lippi (prefeito, PSDB) e já deixar meio em aberto que vai concorrer à prefeitura.

- Criação de mais um cargo de assessor para cada um dos vereadores. Cada vereador já possuí 5 assessores que ganham uma média de 3.500R$. Para usar facebook, durante as reuniões na câmara, diga-se de passagem, (como a foto ,tirada no dia da movimentação, acusa). Ao todo serão 21 novos assessores, e custará aos cofres públicos anuais 905milR$(Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul)...

Depois de ler alguns projetos de lei aqui que foram propostos em um único dia (sem mencionar outros escândalos), me diga, vale a pena um novo assessor?

Texto: Fábio Alexandre Tardelli Filho